quarta-feira, 29 de junho de 2011

ASCENÇÃO E QUEDA [crônica]

Fiz, em setembro de 1998, um texto autobiográfico sobre um fato futebolístico ocorrido uns 10 anos antes quando ainda estava no ginásio (pois é faz tempo, mas atualizei alguns termos).
Apesar de algumas firulas, a história é real, infelizmente, no entanto alguns nomes foram alterados para preservar as pessoas envolvidas (no caso, eu mesmo!).
Segue, então, o relato do quase nascimento de um astro do esporte!


ASCENÇÃO E QUEDA (literalmente!) DE UM ASTRO MIRIM

   Já fui um ídolo na escola. Foi quando eu estava no 8o ano, mais precisamente entre as 15 horas, 32 minutos e 8 segundos do dia 17 de agosto e as 15 horas, 32 minutos e 12 segundos do mesmo dia.
   Era o intervalo e apesar de estar de sapato, acabei entrando num jogo de futebol da turma da minha classe contra o 9oB.
   Nunca fui um craque no futebol, um bom jogador, talvez. Pra falar a verdade, razoavelzinho já seria um adjetivo de bom tamanho. Isso era também o que todos pensavam de mim até que uma bola foi lançada pelo alto em minha direção. Já ouviu falar em Pelé? Aprendeu comigo.
   Olhei a pelota chegando, estufei o peito e saltei. E tudo foi acontecendo em câmera lenta. Enquanto eu subia a arquibancada toda se levantava com olhos arregalados de admiração. No ar, como que levitando, matei a redonda no tórax - matar no peito àquela altura era coisa para amador - como só eu e o Edson sabíamos fazer.
   "Quem é o garotão ali?" perguntaria Mano Menezes, e a menina mais linda da escola, com os olhos brilhando, responderia para ele com a voz mais derretida do mundo: "É o Super Lauro, o meu herói!". Morram de inveja meus inimigos.
   Com o tórax lancei a 'peteca' à frente e fui descendo lentamente. Havia um grande corredor vazio até o gol adversário. Já com os pés no chão, adiantei um pouco mais a bola...
   "Lindo! Lindo!". Dei um passo... "Maravilhoso!". A bola foi correndo... "Lauro! Lauro! Gatão!". Cara a cara com o gol preparei-me para o chute como qual assinaria meu contrato com o estrelato...
   Manchetes de jornais: "Lauro, o novo Rei da escola", "Ninguém pode com Lau", "O herói do ano"...
   Foi quando a sola recauchutada do meu sapato descolou, enroscou no piso da quadra e me fez perder o equilíbrio. Por favor, troquem a slow motion pela câmera rápida.
   "Lau, um fiasco no futebol", "Menino perde o equilíbrio e se espatifa no chão", "Garoto nó-cego perde gol feito".
   Descobri que nem todos podem ser astro e, assim, toda minha popularidade de 4 segundos caiu e rolou pelo chão comigo e com meu sapato marrom.
   "Nunca achei que ele fosse bonito".
   E lá se iam as mulheres, a fama, a fortuna, minha vaga na seleção brasileira e minha dignidade juvenil...

___Ronaldo dos Santos

3 comentários:

  1. Mas, para nós, vc sempre será 'Ronéeaaaldo'!!!" Bjs! Marcelinha

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  2. Tenho uma história com futebol também, se te consolar: não tinha meninas suficientes para completar o time de futebol feminino da minha sala, 7b, aí eu entrei e escolhi ficar no gol. Pra quê!
    Me lembro que teve uma hora que uma menina do time adversário estava chegando na grande área e chutou a bola, bem de fraquinho, eu fui defender chutando também e meu tênis voou para o meio da quadra. Muito inteligentemente, eu saí correndo pra colocá-lo de volta no pé e deixei o gol livre...

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